domingo, 14 de março de 2010

Retiro 13/03/2010 | Vida de São Luís Maria Grignion de Montfort | Colocada pelo Irmão Guilherme Antonio Neves


VIDA DE SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT

Dia 31 de janeiro de 1671 nasceu Luís Maria Grignion de Montfort, em Montfort-la-Cane. Pertencia a pequena nobreza bretã empobrecida. Sua mãe tinha dois irmãos padres. 3 de seus filhos também serão padres: Luís Maria; José, dominicano; e Gabriel, diocesano. E 2 de suas filhas serão religiosas: Silvia, em Fontevraul;e Guiena Joana em Rambervilliers.
Com apenas 4 ou 5 anos ele já falava de Deus e aproximava-se de sua mãe quando a via aflita, para consolá-la e exortá-la a sofrer com paciência.
Chamava sua irmã, secretamente e com habilidade, de junto de suas coleguinhas, para fazê-la orar a Deus.
Afastando-se da companhia dos jovens de sua idade ou das pessoas do mundo para evitar seus divertimentos, ele se retirava em algum canto da casa para entregar-se à oração e recitar rosário diante de uma pequena imagem da Santa Virgem: prática que conservou sempre, até a idade mais avançada.
Ele nos lembra Santa Teresa de Lisieux, que recebeu de Deus um véu que a guardava dos encantos terrenos. Teve fortes pensamentos de abandonar a casa paterna e ir mendigar seu pão, até que tivesse forças suficientes para ganhar sua vida.
Luís Maria foi um aluno inteligente e estudioso. Distinguiu-se sem esforço. Orientava-se, porém inteiramente para Deus, contra a corrente de ambições deste mundo. Assíduo à oração, consagrou seus dias de folga aos pobres.
Apesar do temor de seu pai violento, ele queimou um “livro infame”, repleto de figuras obscenas, resolvido a sofrer todos os maus tratos de que o ameaçavam se seu pai chegasse a saber.
Em 1692, foi para Paris a pé, recusando um cavalo e aceitando apenas uma roupa, que trocou com um pobre: “admirável troca”, à semelhança de Cristo que assumiu a nossa vida humana para nos dar a sua vida divina.
Ao chegar em Paris foi morar num estabelecimento para estudantes pobres no fundo dos jardins do seminário. E nunca ficou no seminário Grande São Sulpício, preferindo sempre a pobreza.
São Luís cultivava mesmo a presença de Maria. Ele gostaria de ter recrutado todo mundo para a Sociedade de escravidão da Santa Virgem, então o senhor Tronson, superior de São Sulpício, achou adequado mudar na fórmula e na ata dessa associação as palavras “escravo de Maria” por estas: “escravo de Jesus em Maria”. Assim as mais severas críticas não encontrariam nada a reprovar.
No dia 5 de junho de 1700 foi ordenado padre e desejava partir para longe, em missão. Mas seu diretor espiritual, Francisco Leschassier, se opôs a isso. Partiu então para Nantes decepcionando-se com a mediocridade daquele lugar. Até que foi para Fontevrault convidado para a tomada de hábito de sua irmã Sílvia. Lá renegou o benefício da senhora de Montespan, alegando que não queria nunca transformar a divina Providência num benefício, mas aceitou sua orientação para conversar com o bispo de Poitiers.
Em Poitiers teve que esperar o bispo por 4 dias, com isso aproveitou para fazer um retiro fechado num quartinho. Diz ele: “Ousei, contudo ir ao hospital para servir os pobres. Entrei para orar a Deus numa pequena igreja; ... vendo-me de joelhos e com vestes tão conformes às deles, foram dizer aos outros e incitaram-se para abrir a bolsa e fazer-me esmola; ... Mil vezes bendisse a Deus por passar por pobre e carregar sua gloriosas insígnias, e agradeci aos meus irmãos e irmãs por sua boa vontade.”
O santo ajudou muito este hospital e aí formou o primeiro núcleo de uma comunidade religiosa feminina, a qual pregara a Sabedoria de Deus, considerada loucura entre os homens. Determinou que a insígnia fosse uma grande cruz de madeira, em que inscreveu seu próprio lema: Desejo de cruz, desprezo, dor, afronta, perseguição.
Carregando a cruz, São Luís Maria prosseguiu toda sua vida sendo renegado em quase todos os lugares pela sua singularidade profética. Todos os caminhos da França bloquearam-se para Luís Maria. Partiu para Roma com a louca esperança de encontrar luz e um mandato do papa para onde ele queria seguir: as longínquas missões do Oriente.
O papa lhe disse: “Não vá a parte alguma, e trabalhe sempre com perfeita submissão aos bispos nas dioceses para as quais for chamado. Deus, por esse meio, abençoará suas obras”. O papa abençoou e indulgenciou o crucifixo de Montfort. Ele retomou o caminho com o apoio determinado pelo sucessor de Pedro: “missionário apostólico”. Ele tinha 33 anos e restavam-lhe menos de 10 anos de vida, dos quais aproveitou para se tornar um grande missionário da França.
A missão de Pontchâteau ilustrou bem a extensão de seu êxito, mas também mostrou as contrariedades que sofreu, e sua desarmante abnegação na obediência. Montfort mobilizou uma multidão para construir uma montanha para a glória da cruz.
“O Calvário é rodeado por uma muralha de cinco pés de altura e oitenta de circunferência, sobre a qual se erguem pilares de madeira de onde pendem as contas de um gigantesco rosário. No alto da montanha, a cruz de Nosso Senhor tem cinqüenta pés de altura. Foram necessários doze pares de bois para puxá-la até o calvário. Em volta da muralha, que media quatrocentos pés, foram plantados pinheiros e ciprestes, formando um rosário, às dezenas, de tal modo que podíamos recitá-lo nas árvores, fazendo a volta do terreno”.
Mais uma vez, porém, choveram denúncias. A cidadela, com seus subterrâneos, poderia tornar-se abrigo para bandidos e rebeldes. Talvez se transformasse em um campo fortificado, facilitasse uma “conjuração contra o Estado”, ou mesmo “uma invasão inglesa”, clamavam os adversários. Os poderes públicos confiaram o caso ao bispo de Nantes. Às 4 horas da tarde, o bispo mandou dizer que estava proibida a bênção do calvário. E aqueles que tiveram tanto zelo para construí-lo foram requisitados para demoli-lo. Montfort todavia só via a vontade do Senhor: “Não estou nem satisfeito nem aborrecido. O Senhor permitiu que eu o fizesse, hoje ele permite que seja destruído. Bendito seja seu Santo Nome.”
Montfort era impetuoso, mas pacífico. Não condenava. “Aprovava” a vida “menos espinhosa” do amigo que gozava de benefícios eclesiásticos. Admitia a existência de vários caminhos. Não era intolerante, como os outros em relação a ele. Mesmo seus mestres do São Sulpício, adeptos da “vida do primeiro tipo”, não souberam compreendê-lo. Seus problemas com o clero não vieram da sua combatividade nem da sua austeridade, mas de seu radicalismo, visto como uma lição, uma crítica. O que impelia Montfort, o que o movia, era a preocupação com o futuro de Deus no limiar de um novo Mundo.
Consumindo sua vida com intensas e constantes penitências e orações, em 28 de abril de 1716, muito doente e moribundo, abençoou com suas últimas forças a multidão que aglomerara-se onde ele estava. Instantes depois, ele pareceu adormecer. Em seguida, acordou trêmulo e aflito, dizendo em alta voz: “É em vão que me ataca. Estou entre Jesus e Maria (cujas imagens segurava – o crucifixo indulgenciado pelo papa e a imagem de Maria que ele mesmo havia esculpido). Deo gratias et Mariae. Cheguei ao fim da minha estrada. Está feito. Não pecarei mais” e expirou.

O QUE NOS DIZ NOSSO AMADO FUNDADOR?
Segundo os Escritos de Monsenhor Ângelo Angioni, Volume IV, Páginas 39 e 40:
 São Luís Maria Grignion de Montfort: Traça a figura ideal do Missionário dos Últimos Tempos.
“No fim do mundo, em breve, o altíssimo e sua Santa Mãe devem suscitar grandes Santos, de uma santidade tal que sobrepujarão a maior parte dos santos, como cedros do Líbano se avantajam às pequenas árvores em redor”. (1)
Estas grandes almas, cheias de graça e de zelo, serão escolhidas em contraposição aos inimigos de Deus, a borbulhar em todos os cantos, e elas serão especialmente devotas da Santíssima Virgem, esclarecidas por uma luz, alimentadas do seu leite, conduzidas por seu braço e guardadas sob sua proteção, de tal modo que combaterão com uma das mãos e edificarão com a outra. (2)
Com a direita combaterão, derrubarão, esmagarão os hereges com suas heresias, os cismáticos com seus cismas, os idólatras com suas idolatrias e os ímpios com sua impiedades; e com a esquerda edificarão o templo do verdadeiro Salomão “e” a cidade mística de Deus, isto é, a Santíssima Virgem que os Santos Padres chamam “o Templo de Salomão” e cidade de Deus.
Por suas palavras e por seu exemplo, arrastarão todo mundo à verdadeira devoção e isto lhes há de atrair inimigos sem conta, mas também vitórias inumeráveis e glória para o único Deus. (3)

 Ensina a Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem: Baseando-se sobre sólidos Fundamentos Teológicos
Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, seria preciso rejeitá-la como ilusão do demônio.
Deus não nos deu outro fundamento para nossa salvação, nossa perfeição e nossa glória senão Jesus Cristo. Todo edifício cuja base não assentar sobre esta pedra firme, estará construído sobre areia movediça.
Todo fiel que não está unido a ele, como um galho ao tronco da videira, cairá e secará e será por fim atirado ao fogo. Fora Dele tudo é ilusão, mentira, iniqüidade, inutilidade, morte, e danação.
Mas de tal maneira a Virgem Santíssima está transformada em Jesus Cristo pela Graça, que já não vive, já não existe; é Jesus Cristo que vive e reina nela, mais perfeitamente que em todos os anjos e Bem-aventurados. (4)

 Ensina a fórmula mais breve e racional de consagração a Deus por intermédio da Virgem Santíssima:
Entregar-se ao espírito de Maria, se faz simplesmente e num instante, por um só olhar de espírito, um pequeno movimento de vontade, ou verbalmente, dizendo, por exemplo:
“Renuncio a mim mesmo e dou-me a Vós, minha querida Mãe”.
Ainda que não sintamos nenhuma doçura sensível neste ato de união, ele não deixa de ser verdadeiro; do mesmo modo que se disséssemos, com desagrado de Deus, “dou-me ao demônio”, com a mesma sinceridade, embora o disséssemos sem mudança alguma sensível, não pertenceríamos menos verdadeiramente ao demônio. (5)

 Finalmente explica o sentido prático da mortificação cristã:
Somos, naturalmente, mais orgulhosos que os pavões, mais apegados a terra que os sapos, mais feios que os bodes, mais invejosos que as serpentes, mais glutões que os porcos, mais coléricos que os tigres, mais preguiçosos que as tartarugas, mais fracos que os caniços e mais inconstantes de que um cata-vento. (6)
Na consagração a Nossa Senhora, dizemos que estamos “renunciando a nós mesmos”: é a isso que estamos renunciando.

(1) “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” – Pág. 48
(2) Pág. 48-49
(3) Pág. 49
(4) Pág. 63-65
(5) Pág. 243-244
(6) Pág. 84-85.



Referência Bibliográfica
• Escritos de Monsenhor Angelo Angioni. O Instituto Missionário Coração Imaculado de Maria. Vol. IV, 2006
• LAURENTIN, René. Luís Maria Grignion de Montfort; tradução Mariana Ribeiro Echalar. – São Paulo:Paulinas, 2002 – (Coleção Testemunhas. Série Santos).
• GRIGNION, S. Luís Maria de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Petrópolis: 34ª ed., Editora Vozes, 2005.

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